segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Marta

Naquele instante sente seu coração pulsar mais forte. Sentada em uma cadeira, à espera de um resultado, aflita ouve os  passos do médico caminhando em sua direção.
- E ai doutor, já tem uma resposta?
Pergunta Marta ansiosa.
O médico respira fundo, manda buscar um copo com água.
Não precisou dizer mais nada, uma lagrima correu o rosto daquela mulher.
Com quarenta e quatro anos, pele clara, cabelos longos e olhos pretos como a pedra do ébano. Marta se depara com um tormento que não ainda saberia lidar, pois driblou a vida em vários instantes, logo na adolescência, aprendeu às duras a viver, sua mãe não resistiu ao parto de seu irmão mais novo e faleceu, deixando como herança a criança recém nascida e dois irmãos mais novos. Se viu obrigada a assumir junto com seu pai os comandos da casa e se dividir entre estudos e atividades domésticas.
Naquele instante um filme retrocede em sua mente, a morte da mãe, a universidade que cursara, o casamento e o nascimento das quatro filhas, momentos de felicidades e também tristezas relembrados ali. Não se sabe por que, qual razão a vida lhe sacrificaria tal sofrimento, nunca em sua vida poderia imaginar estar ali, em um hospital da Zona Sul, movida por um sentimento involuntário, desconhecido. Afinal ser forte é o que aprendera com o pai, mas isso naquele instante não parecia existir, ainda não sabia o que o destino lhe aguardava.
Mais um capitulo iniciaria, além dos problemas do cotidiano como a crise conjugal e a menopausa.
Carlos seu marido, egocêntrico como ele só, sentado próximo à janela fumava incessantemente.
Um homem de aparência mediana, obsoleto para a época que vivia, nunca aceitara que sua esposa fosse alguém com certa posição social. Para ele mulher deveria ficar em casa cuidando dos filhos, sempre pensara ter casado errado, afinal Marta era independente, professora desde nova, culta, além do trabalho que desenvolvia na escola que lecionava, ocupava seu tempo com projetos culturais em órgãos de incentivo ao desenvolvimento literário.
Todos aflitos, afinal aquela noticia mudaria de vez suas vidas.
Ana sua filha mais velha sairia de Belo Horizonte no primeiro vôo com destino ao Rio de janeiro, (Trabalhava em um curso de restauração de obras barroca), as duas mais novas (que eram gêmeas) acompanhavam o desespero dos pais no hospital.
Marta abraçou Fernanda e demonstrou seu amor incondicional, não desampararia a filha naquele momento difícil, ainda não tinham o resultado dos exames e a dor era ainda maior.
Aquela mulher que batalhou pelas armas que a vida lhe cobrou estava ali, inerte ao sofrimento da filha, o sentimento era a única coisa que sustentava.
Carlos aproxima de sua esposa e diz:
_Vamos pensar positivo, não podemos desesperar.
Marta aos prantos desabafa:
_Como não desesperar? Nossa filha acreditam estar com câncer e você me pede para não desesperar.
Dezoito anos era a idade de Fernanda, a filha do meio do casal. Há duas semanas sangrava excessivamente, apenas uma suspeita, mas acreditavam ser uma leucemia.
Estavam a três dias no hospital Copa D’or em Copacabana acompanhando o sofrimento da moça e a confirmação chegou nas mãos do médico!
A emoção toma conta do ambiente com a chegada de Ana, a família reunida em um momento difícil, mas que certamente não perderiam a fé em Deus.
Em meio ao choro e as lágrimas, Marta voluntariamente se prepara para os exames de compatibilidade, pois seria doadora da medula que salvaria sua filha. Ana não desamparou sua mãe e se prontificou a se submeter às avaliações de praxe.
Realizados os exames, Marta chorou! Deita- se ao lado da filha e adormece...

4 comentários:

  1. Coitada da Marta,tomara que consegue salva a filha.

    ResponderExcluir
  2. Nossa, estou doida pra saber o que vai acontecer com a Marta...inté

    ResponderExcluir
  3. cade o final dessa história?
    estou curiosa pra saber o que acontece com ela rsrsrsrsr

    ResponderExcluir