domingo, 27 de setembro de 2009
Parafrase- Memórias do cárcere
2- Levantei-me, apalpei a roupa no encosto do assento, tirei dos bolsos cigarros e fósforo, inclinei-me à janela, fumando fiquei observando o pátio sem luz. Como iria proceder? Se me dessem prazo bastante para que eu pudesse pensar, poderia planejar preponderar sentimentos, ter algum raciocínio nas atitudes e nas palavras, demonstrar ser um homem um pouco melhor. Mas diante à nova posição que me determinavam, numerosas eram as surpresas, e diante delas ia certamente perturbar-me, cometer disparates, confundir-me. Ali em baixo, a poucos metros, duas figuras, ao lado de um portão, pareciam pessoas encobertas gigantes disfarçados. Que seriam? Pilares? Deviam ser pilares. Saí, passei com cuidado, fazendo com que não ouvissem os passos, com medo de topar nas cadeiras. RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. Jose Olympio, 1° vol., p.52.
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